BY Coletivo Fé.ministas
By Coletivo Fé.ministas
Amid the spread of religious fundamentalisms, resistance through faith is at the root of Brazilian history, which begins its trajectory with the non-submission of the native people to the crosses that made them bleed and still want to save their souls today through the missions. The faith of the enslaved people was violated, and they were forced to wear a white mask so the worship of the Orixás could be maintained, even though it suffered alterations. The inquisition also claimed the lives of Christian women with blood and fire, who dared to remedy and care for their people. Despite the faith misrepresented by the patriarchs, the deities are greater than the swords, fire, and fundamentalist tortures, and for many Brazilian women, the resistance communes with faith.
Religious fundamentalism is everywhere and is primarily propagated by the religions of the Books. However, the sacred texts are being read from a perspective of resistance and empowerment by social, pastoral and feminist organizations of Evangelical, Catholic, Jewish and Muslim women. In the scriptures or their reinterpretation, they find a place of warmth and proximity to a God, who is greater than institutions and temples. For some women, the Image of God – the Father, does not represent them. Thus, they build their sacred feminine from the creed they profess. In addition, interfaith groups have been working towards interreligious dialogue, seeking mutual respect between different religions and spiritualities.
Despite the faith misrepresented by the patriarchs, the deities are greater than the swords, fire, and fundamentalist tortures, and for many Brazilian women, the resistance communes with faith.
With the emergence of the Theology of liberation in the 1960s, Latin America, people began to understand the need for dialogue around faith and politics. However, the faithful Christian women went beyond this debate. They believed in questioning the faith and relations of gender, race, sexuality inside and outside the religious space.
For women practising religion, detaching their faith from the feminist struggle does not make sense as fundamentalist discourses try every day to bring setbacks into women’s lives or dissonant bodies. These fundamentalist discourses do not believe that bodies should wear the freedoms they are entitled to. For example, the current president of Brazil was elected with the slogan “Brazil above everything, God above everyone”, making clear that his government’s policies would be prejudiced and exclusionary. In his third year in office, we have news of increased violence against women during the Pandemic. There is also an increase in records of all types of prejudices, such as racism and homophobia. Therefore, different from what one might think, these women (and non-binary people) are not alienated, and it is thanks to their resistance, we see minimal changes in some churches. In other spaces, these changes are so significant that they transform lives and give hope.
Besides the Christian majority, women practising different religions seek to have a voice within their religious spaces and the world surrounding them. They seek this voice without leaving the welcoming embrace of their deities, who give them support to exist and resist because, if the hegemonic power agrees to kill, the dissonances agrees not to die.
Fé.minismo: Lugar De Resistência E Aconchego
Em meio a propagação dos fundamentalismos religiosos, está na raiz da história brasileira a resistência por meio da fé, que inicia sua trajetória com a não submissão dos povos originários às cruzes que os fizeram sangrar e ainda hoje desejam salvar suas almas por meio das missões. A fé das pessoas escravizadas também foi violada e obrigada a usar uma máscara branca, para que o culto aos Orixás fosse mantido, mesmo sofrendo alterações. A inquisição também ceifou com sangue e fogo vidas de mulheres cristãs, que ousaram remediar e cuidar dos seus. Apesar da fé deturpada pelos patriarcas, as divindades são maiores que as espadas, fogo e torturas fundamentalistas e, para muitas mulheres brasileiras, a resistência comunga com a fé.
O fundamentalismo religioso está por toda parte e é propagado principalmente pelas religiões dos Livros. Porém, os textos sagrados estão sendo lidos em uma perspectiva de resistência e empoderamento por movimentos sociais, pastorais e organizações feministas de mulheres evangélicas, católicas, judias e muçulmanas. Elas encontram nas escrituras ou em sua releitura um lugar de acolhimento, proximidade com um Deus que é maior que as instituições e templos. Para algumas, a Imagem de Deus Pai não as representa, construindo assim seu sagrado feminino a partir do credo que professa. Além disso, grupos interfés têm trabalhado em prol do diálogo inter-religioso, buscando o respeito mútuo entre diversas religiões e espiritualidades.
Apesar da fé deturpada pelos patriarcas, as divindades são maiores que as espadas, fogo e torturas fundamentalistas e, para muitas mulheres brasileiras, a resistência comunga com a fé.
Com o surgimento da Teologia da Libertação nos anos 60 na América Latina, se começa a compreender que fé e política precisam dialogar. Só que as fiéis cristãs foram além deste debate e, creem que fé e relações de gênero, raça, sexualidade também se discutem dentro e fora do espaço religioso.
Para mulheres praticantes de religião, desvincular sua fé da luta feminista não faz sentido, pois os discursos fundamentalistas tentam, diariamente, trazer retrocessos para a vida das mulheres ou corpos dissonantes, pois não acreditam que os corpos devam vestir as liberdades que tem direito. Um exemplo disso é que o atual presidente do Brasil foi eleito com o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, deixando claro que as políticas de seu governo seriam preconceituosas e excludentes e, no seu terceiro ano de mandato, temos notícias sobre aumento de violência contra mulheres durante a Pandemia, além do aumento de registros de todo e qualquer tipo de preconceitos como racismo e homofobia. Portanto, diferente do que se pode pensar, essas mulheres (além de pessoas não-binárias) não são alienadas e é graças a suas resistências que enxergamos mudanças mínimas em algumas igrejas e, em outros espaços, essas mudanças são tão grandes que transformam a vida e dão esperança. De qualquer forma, além do Cristianismo majoritário, mulheres praticantes de diferentes religiões buscam ter voz dentro dos espaços religiosos e no mundo que as rodeiam sem deixar o abraço acolhedor de suas divindades, que lhes dão amparo para existir e resistir, pois se o poder hegemônico combinou em matar, as dissonâncias combinaram de não morrer.